LEIA MAIS, clicando na frase abaixo.
Filha de pai português, e de mãe brasileira, nasceu Teresa Margarida da Silva e Orta na cidade de São Paulo por volta de 1712. Aos cinco anos de idade veio para Portugal com seus pais e irmãos. Internada no Convento das Trinas, ali iniciou-se no estudo da música, da poesia e da astronomia. Aos 16 anos, casa-se com Pedro Jansen Holler, contra a vontade do pai, que a deserda. Na luta pela posse dos bens familiares, corta relações também com o irmão Matias Aires da Silva d’Eça. Com o marido e a família constituída de doze filhos veio para o Brasil, fixando residência durante alguns anos na cidade de São Luís do Maranhão. Em 1752, com quarenta anos de idade, publica, com o pseudônimo anagramático de Dorothéia Engrassia Tavareda Dalmira, o romance As máximas da virtude e formosura [...], - ou Aventuras de Diófanes, como passou a se chamar, a partir da 2ª edição.
Seu romance, além de ser a primeira obra de ficção escrita em língua portuguesa, acumula também o mérito de ter como autora a primeira mulher a ousar abertamente assumir uma atitude de oposição ao Absolutismo, a reivindicar os direitos do seu sexo e a defender a autonomia das terras dos povos colonizados. Participante ativa da vida pública, a autora não se limita a divulgar as idéias iluministas apenas no espaço literário, engajando-se na campanha contra os jesuítas, empreendida pelo Marquês de Pombal. Com pouco mais de quarenta anos e com os filhos menores sob a sua custódia, ficou Tereza Margarida viúva em condições financeiras precaríssimas. Em 1770, sua vida pessoal passa por uma dura prova com a sua condenação a sete anos de cárcere, no Mosteiro de Ferreira Alves, por ordem do Marquês de Pombal, sob a acusação de haver mentido ao Rei D. José I, quando afirmou que o seu filho Agostinho tinha engravidado Teresa Melo, jovem da aristocracia endinheirada, com a finalidade de apressar o casamento do casal. Descoberto o embuste, Tereza Margarida é presa, o filho segue para o degredo em Angola e a namorada é deserdada pela família e metida em um convento. Com a avançada idade de 81 anos, faleceu Tereza Margarida em Portugal, no ano de 1793.
Na prisão, Tereza Margarida escreveu dois poemas, inéditos até 1993, data em que apareceram na Obra reunida da autora, publicada pela Graphica Editorial, no Rio de Janeiro.
A expressão poética de Tereza Margarida está bem representada no “Poema épico-trágico”, deixado em manuscrito, hoje sob a guarda da biblioteca de José Mindlin em São Paulo. Escrito em 131 oitavas, distribuídas em cinco prantos, o poema é oferecido “ao Altíssimo”. Seu “herói” é uma mulher vítima de perseguições, que tece considerações acerca das suas desditas, principalmente da sua condenação ao cativeiro.
individual, uma nítida “hipertrofia do eu”, que pretende comunicar a grandezada sua tragédia, de uma forma excessivamente dramática:[1]
As máquinas direi da impostura,
Cavilações, enredos e furores;
Estragos se verão da desventura
Nos efeitos do ódio e dos rigores:
Pois me tem posto quase em sepultura,
Desta prisão sofrendo mil rigores,
Onde, da imensa dor preocupada,
Morrendo sempre vivo consternada.
[...]
Nas densas sombras de uma noite fria,
Os meus males estava meditando.
Funestos pensamentos revolvia,
A minha infeliz sorte lamentando:
O ódio, a injustiça, a tirania
Cheia de dor eu ia repassando;
De meus males razão buscava atenta
Mas de crime qualquer me via isenta
Lágrimas a milhares derramava.
E, da grande aflição mais oprimida,
Meu justo sentimento ao Céu mandava
Com mágoa nunca bem encarecida:
Pela inocência meu furor clamava
Com gemidos e voz enternecida,
Nenhum comentário:
Postar um comentário