20 de fev. de 2013

Mito do Amor-Paixão (Parte I)



O Mito do Amor-Paixão tem a sua gênese no drama amoroso vivido por TRISTÃO e ISOLDA em época remotíssima e, relatado na lenda celta, que faz parte da tradição mítico-simbólica da Irlanda e da Escócia. Segundo a lenda celta, Isolda a Loura e seu tio Morholt são da raça dos reis da Irlanda. Tristão é filho de Rivalin, senhor de Loonois.. Na Cornualha, na região de Tintagel, às portas da fortaleza de Lancïen, no lendário castelo de Marke, encontramos o pilar funerário de um certo Tristão, “filho de Quonomorius:”
Esta lenda é celta, proveniente de um período dos “começos” na antiga Irlanda. Sobrevivem nas versões francesas e estrangeiras dos séculos XII e XIII vestígios evidentes da sociedade celta, nitidamente anteriores a essa época medieval, e no conjunto sobressaem a magia, a astrologia e o encantamento, tão comuns aos mitos e epopéias irlandeses. A rainha Isolda e Isolda a Loura, sua filha, são fadas que curam feridas envenenadas e que conhecem os segredos das ervas, folhas e flores das terras da Irlanda. O anão Frocin lê as estrelas e prediz a sorte por meio dos astros. Tristão é o herói do gigante Morholt e do dragão, mas é também o senhor dos “encantamentos” quando canta acompanhado da harpa ou quando constrói o “arco que não falha”.
Esta lenda é celta, mas é também universal. Os séculos XII e XIII nos legaram várias versões – francesas, alemãs, norueguesa -, que nos chegaram completas ou mutiladas.
A partir da segunda metade do século XIII, as grandes cenas da história dos amantes da Cornualha foram fixadas em tapeçarias, afrescos, objetos , constituindo uma rica iconografia. Todos estes testemunhos nos mostram não só uma imensa difusão, mas também o grande fascínio que a lenda exercia sobre o público daquela época. Não bastasse toda a produção literária medieval, a lenda atravessa os séculos encantando a quantos a conhecem.

Setters ASPECTOS DO MITO:
1-O Mito tem origem obscura: não tem autor. É, portanto, diferente da obra literária, cuja autoria é conhecida;
2- O mito dá conta de normas de conduta estabelecidas por um grupo religioso ou social, está, pois, preso a uma determinada época;
3-O mito se afirma como tal quando exerce poder sobre as pessoas.- e esta é a sua característica mais importante. Por estar o homem no sentido latente do mito, esta sua capacidade de penetrar a vivência humana, é que permite que este seja tantas vezes recriado e jamais perca a sua força..
Em seu sentido simbólico, o mito pode perdurar por vários séculos, exercendo sua influência sobre a humanidade.

CONTINUA

O Mito de Tristão e Isolda (Parte II)


(Adaptação feita a partir de várias versões da lenda)

Marke, rei da Cornualha, estava em guerra com o rei da Escócia. Muitos heróis vieram em sua ajuda. Entre esses heróis, um rei de nome Rivalin, do país de Lohonois, também correu a Tintagel. Rivalin serviu a Marke como se fosse um vassalo, porque desejava tomar por esposa a irmã de Marke, Blanchefleur.
Blanchefleur se prendeu de tal forma a Rivalin que engravidou e, quando a guerra terminou, fugiu com ele. Em plena mar, com muitas dores, morreu. Retiraram então a criança de seu ventre. Em meio a grande angústia e desespero, Rivalin levou o bebê para seu país e deu-lhe o nome de Tristão, o que nasceu na tristeza.
Por sete anos, Rivalin confiou a criança à guarda de Kurneval, que lhe ensinou as regras da cortesia, a tocar harpa e a cantar, e tudo que deveria ser ensinado a um jovem para ser herói.
Quando Tristão completou sua educação, Kurneval pediu permissão ao rei para levá-lo a conhecer outros países. Tristão e Kurneval partiram e chegaram à Cornualha. Ninguém os conhecia e Kurneval disse-lhe para não revelar sua identidade. Eles chegaram ao castelo de Marke com a música da harpa e pediu ao rei que o aceitasse para servi-lo. Marke confiou-o a seu melhor homem, Dinas de Dinan, e a partir daí o jovem Tristão não cessou de adquirir renome.
Nessa época, havia, na Irlanda, um gigante de nome Morholt, cujo tamanho e força eram surpreendentes. Era o irmão da rainha Isolda da Irlanda. Morholt, pela força, havia submetido vários reinos a pagar tributo, e nenhum desses reinos possuía um herói à altura para defender os interesses do rei. Marke também devia tributo, só que não o pagava fazia quinze anos.
Morholt estava aborrecido com a atitude de Marke e decidiu atacar a Cornualha. Entretanto, ofereceu a possibilidade a Marke de encontrar um nobre que quisesse enfrentá-lo num duelo singular. Caso o cavaleiro vencesse, ele partiria para seu país, e a Cornualha ficaria livre do tributo; caso contrário, o tributo a ser pago seria uma de cada três crianças nascidas no país. Os rapazes seriam seus servos e as moças trabalhariam nos seus bordéis. Marke ficou desolado. Como evitar a desonra? Convocou todos os nobres do país. Tristão avisou a Kurneval que, se nenhum nobre aceitasse o duelo, ele o aceitaria. Kurnerval tentou dissuadi-lo, mas foi em vão. Então disse a Tristão que pedisse a Marke que o sagrasse cavaleiro. Marke achou muito cedo, mas Tristão convenceu-o de que, o quanto antes fosse sagrado, melhor seria para o reino. Assim foi feito.
Uma assembléia com os nobres foi feita e Marke explicou-lhes a situação em que o reino se encontrava. Nenhum nobre se sentia capaz de combater. Tristão então se ofereceu. Eles se sentiram aliviados com a oferta, mas ao mesmo tempo preocupados de indicar um cavaleiro tão jovem para um combate tão perigoso e de tamanha responsabilidade para o reino.
Os barões fizeram Marke prometer que quem quer que fosse que se apresentasse para o duelo seria aceito. Marke prometeu, mas havia um problema: Morholt só se bateria se o adversário fosse de linhagem real. Tristão então revelou sua identidade. Marke, ao saber que ele era seu sobrinho, se encheu de alegria e ao mesmo tempo de tristeza pela terrível prova a que ele ia se submeter. Marke tentou dissuadi-lo, mas foi inútil. Pelas mãos do rei, Tristão foi armado para o combate que aconteceria numa ilha.
Morholt se espantou com a coragem do jovem herói e lhe perguntou se ele não preferia partir para a Irlanda. Prometeu-lhe riqueza e renome. Tristão recusou e foi a contragosto que Morholt aceitou o duelo, lamentando a sorte de tão valoroso cavaleiro. Mas Tristão desafiou-o e ele, enraivecido, atacou. Lutaram durante muito tempo. Tristão foi ferido por uma lança envenenada; e Morholt foi atingido pela espada de Tristão com tal força que um fragmento que se desprendeu da lâmina se fixou na ferida.
Os companheiros de Morholt, vendo-o mortalmente ferido, mandaram avisar a jovem princesa Isolda da Irlanda ( ou Isolda A Loura) que, se ela desejava ver o tio ainda com vida, viesse ao encontro deles. Ela sabia curar as feridas e correu para encontrá-los. Tarde demais. Quando ela chegou, o tio já estava morto. Ela descobriu o fragmento da espada de Tristão e o guardou. O povo todo chorou e lamentou a morte do gigante, jurando que qualquer um que viesse da Cornualha perderia a vida na Irlanda. Todos conheciam o nome do vencedor de Morholt, era Tristão da Cornualha. Entretanto, Tristão estava mortalmente ferido. Nenhum médico conseguia curá-lo da ferida deixada pela lança envenenada Ele não comia nem bebia e a ferida por fim começou a necrosar e a tal ponto cheirava mal que ninguém conseguia se aproximar dele. Todos choravam a sorte do herói. Kurneval cuidava dele, mas o herói não se sentia bem. Finalmente, pediu a Kurneval que o colocasse num pequeno esquife e o deixasse no mar para que pudesse morrer sozinho. Disse a Kurneval que o aguardasse por um ano, que se ele sobrevivesse, voltaria. Foi com grande tristeza que o levaram para o mar tendo como único consolo sua harpa e uma espada. O vento dirigiu o barco para as costas da Irlanda. O barco foi jogado na areia diante do castelo do rei. Quando Tristão viu onde se encontrava, percebeu logo que corria perigo. O rei foi informado de que havia um homem ferido na areia. Ele mesmo foi ver o ferido. Tristão disse chamar-se Pro, que viera da Grã-Bretanha e fora ferido no mar por bandidos que o tinham roubado. Apresentou-se como um cantador e tocador de harpa. O rei mandou pedir à filha Isolda que lhe aplicasse emplastros e ungüentos. Isolda percebeu que a ferida estava envenenada; então preparou o ungüento próprio para o mal. Graças a ela, Tristão ficou curado.
Nesta época o reino da Irlanda estava em perigo devido à falta de víveres. Tristão aconselhou o rei e se ofereceu para negociar para ele na Inglaterra. A missão foi um sucesso e Tristão, depois de trazer alegria à Irlanda, voltou para a Cornualha.
Quando Marke e a corte souberam de sua chegada, choraram de alegria e correram ao seu encontro. Tristão foi recebido com toda a honra e tratado como valoroso cavaleiro.
Marke tinha tanta afeição pelo sobrinho que decidiu não se casar e torná-lo seu herdeiro. Mas isso desagradou aos barões, seus parentes. E Tristão se tornou motivo de raiva e inveja por parte dos barões, que prometeram guerra ao reino de Marke caso ele não escolhesse esposa. Marke pediu um prazo para pensar e, enquanto isso, tentou imaginar o que fazer para convencer os barões de que não queria esposa. Um dia, enquanto estava pensando, entraram no quarto duas andorinhas trazendo no bico um longo fio de cabelo louro. Marke então resolveu dizer aos barões que só se casaria com a mulher a quem pertencesse o fio de cabelo trazido pelas andorinhas. Os barões ficaram furiosos, porque o rei não sabia de quem era o cabelo. Eles culparam Tristão pela decisão de Marke. Tristão resolve partir à procura da dama a quem pertencia aquele fio da cabelo e trazê-la para esposar Marke. Na viagem os ventos empurram o barco para a Irlanda. Lá chegando, soube que o reino estava sendo devastado por um dragão, e aquele que conseguisse matá-lo ganharia a mão da princesa Isolda, A Loura, ou Isolda da Irlanda.
Na manhã seguinte, Tristão resolveu matar o dragão. Lutou com ele, queimou-se muito, mas mesmo assim conseguiu matá-lo. Com isto ganhou a princesa Isolda para esposa. Quando a conheceu, percebeu que ela era a dama que procurava para casar-se com o rei Marke da Cornualha. Revelou então este fato ao rei, pai de Isolda A Loura dizendo-lhe que a recebia para o rei Marke e a levaria para o seu reino para que as bodas se realizassem. Na hora da partida, a mãe de Isolda entregou a Brangene um filtro ( vinho de ervas) que deveria ser dado aos noivos ( Marke e Isolda) na noite das núpcias Esse filtro foi feito para unir o casal durante quatro anos, e o amor que nascesse faria com que eles não pudessem se separar.
Tristão e Isolda, partem numa embarcação rumo à Cornualha, acompanhados de Kunerval e Brangene. Durante a viagem, uma serva , por engano, serviu o vinho de ervas contendo o filtro a Tristão e Isolda. Instantaneamente eles se apaixonaram. O desejo reprimido e a angústia por ignorare sobre os sentimentos do outro deixou-os doentes, sem conseguirem dormir e comer. Culpados pelo que sentiam e desconhecendo o efeito recíproco do filtro, isolaram-se em seus quartos, definhando a cada dia. Brangene e Kunerval, preocupados, não sabiam o que estava acontecendo. Ao descobrir o que acontecera com o filtro, resolveram unir o par apaixonado para que não morressem.
Para que Marke não percebesse o que se passara, na noite de núpcias Brangene se deitou com Marke no quarto às escuras, conforme pedira Kunerval, alegando ser este um costume na Irlanda. Ã meia-noite, Brangene deixou o leito do marido e Isolda ocupou o seu lugar, dando início, assim, a vida de mentiras que viveria com o marido.
Tristão e Isolda dão continuidade ao seu romance. Marke descobre a traição dos dois e condena-os à morte na fogueira. Tristão é o primeiro a ser levado para o sacrifício, todavia consegue escapar dos guardas e foge para a floresta onde Kunerval o espera com os cavalos
Marke providencia então o sacrifício de Isolda na fogueira. No momento em que esta está para ser queimada, aparece um grupo de cem leprosos chefiados por Yvain. Este pede a Marke que não a mate, que dê-lhe morte mais lenta e sofrida. Marke indaga que tipo de morte seria esta e tem de Yvain a espantosa resposta: dê-ma para que sirva de mulher para todos nós e ela logo morrerá, pois. não há mulher que suporte, sem morrer, deitar-se com tantos homens ávidos por fazer amor. Isolda é entregue aos leprosos, que levam-na pelo caminho, sem saberem que a estavam conduzindo às proximidades de onde estava escondido Tristão na floresta. Tristão escuta os gritos de Isolda e vai em seu socorro, conseguindo libertá-la dos leprosos. Juntamente com Kunerval, os dois passam a viver na floresta em meio aos maiores sacrifícios, pobreza e medo de serem encontrados. Depois de três anos são descobertos por Marke enquanto dormiam, casualmente vestidos, com a espada nua entre os dois. O rei fica surpreso com o que vê e interpreta a atitude do casal como de indiferença, pensa que não se amam e que vivem como amigos. Decidindo perdoá-los, retira-se deixando uma prova de que ali estivera e de que estão perdoados.
Achando que já sacrificara demais Isolda e o amigo Kunerval, ao arrastá-los para aquela vida, Tristão decide que devem retornar ao castelo e pedir a Marke que receba de volta Isolda. Esta é aconselhada a mentir, dizendo que nunca fora amante de Tristão. Este prometeria exilar-se na Bretanha. Marke recebe a mulher e proíbe que esta seja incomodada. Todavia, os barões da corte, não acreditando em Isolda, exigem que esta vá a julgamento divino, perante as relíquias sagradas, para que prove que é inocente da acusação de trair o marido com Tristão. Ela aceita tal prova, mas exige que os cavaleiros de Arthur estejam presentes com as santas relíquias e presidam o julgamento público..Isolda, imediatamente, manda um mensageiro avisar a Tristão de que ela terá que se submeter ao julgamento e pede-lhe que esteja no local, no dia e hora marcados, completamente irreconhecível, apresentando os vestígios e os trajes que caracterizam os leprosos. No dia do julgamento, chove muito e o lugar está todo enlameado. Marke, Artur e seus cavaleiros passam e não se sujam na lama. O mesmo não acontece com os barões, que atolam na lama, chafurdando até os cabelos no lamaçal. enquanto Tristão e as pessoas se divertem com a cena . Isolda pede então a um leproso que encontra à beira do charco ( e que era Tristão disfarçado) que lhe sirva de montaria para transportá-la para o outro lado. Este curva o dorso e Isolda se escarrancha em suas costas para a travessia.
Arthur preside a cerimônia e pede a Isolda que, diante das santas relíquias, jure que jamais teve por Tristão um amor culpado ou vil.
“Senhores, declara Isolda, Deus é testemunha! Escutem o meu juramento: Por Deus e por estas relíquias, juro que entre as minhas coxas só estiveram o leproso que me trouxe sobre o dorso e me ajudou a atravessar o lamaçal, e o rei Marke, meu marido. Eu tive o leproso entre as minhas coxas. Se alguém deseja qualquer outra prova, eu estou pronta a aceitar aqui e agora. Todos se espantam com a segurança de Isolda e acusam os barões de injúria grave. Artur dá a sua palavra a Isolda de que ela não será mais molestada com novas acusações.
Tristão parte para a Bretanha, como se propusera. Longe de Isolda se atormenta com ciúmes, por julgar-se esquecido. Começa então a duvidar do amor de Isolda, a questionar-se diante da possibilidade de ela, mesmo sem amar Marke, estar satisfeita e sentir prazer ao lado dele, enquanto ele, Tristão, se condena à solidão. Essas dúvidas e incertezas levam-no aos extremos, com a paixão intensa e a fúria incontida contra a amada. Resolve então se comportar como Isolda. Para tal fim a única saída é o casamento. Acredita que, assim como Marke ajudou-a a se libertar da paixão, ele poderá conseguir a mesma coisa casando-se. Pede Isolda da Bretanha em casamento e casa-se em meio a uma grande festa.
Todavia, quando se prepara para a noite de núpcias, o anel de jade verde que Isolda A Loura lhe dera cai no assoalho e a lembrança dela o desatina. Compreende que querendo ferir a amada ,quem mais saiu ferido foi ele próprio. Toma então a decisão de não consumar o seu casamento. Como desculpa para esta atitude, inventa uma doença grave que o impedia de fazer amor.
Isolda A Loura fica sabendo do casamento de Tristão e se consome de dor e desespero. Tristão ao tomar conhecimento do estado em que ficara a amada, torna-se sombrio e sabe que não será feliz enquanto não for ver e abraçar a sua amada. Parte para a Cornualha e, disfarçado, penetra no castelo onde tem um encontro com Isolda.
De volta à Bretanha, Tristão participa de um torneio de cavaleiros onde é ferido por uma lança envenenada. Os médicos não conseguem curá-lo. O veneno espalha-se por todo o corpo. Tristão perde as forças e definha. Pede então para que chamem Isolda a Loura para vir tratá-lo e curá-lo. Kunerval parte em busca de Isolda. Chegando à Cornualha, conta a Isolda que Tristão está mortalmente ferido e que somente ela poderá curá-lo e salvá-lo. Isolda parte secretamente à noite. No meio da viagem uma tempestade ameaça afundar o barco em que viaja. Isolda se lamenta desesperada., julgando que vai naufragar e morrer sem acudir o amado:
“Infeliz! Deus não quer que eu viva para rever meu amado Tristão. Estou dilacerada, prostrada, desesperada, meu amado, de te privar, morrendo, de todo socorro contra a morte. Eu não sei se o meu temor tem fundamento, mas se eu o vir sem vida, não poderei sobreviver. Em meu imenso desespero, só sei que o amo mais que tudo. Deus nos permita de nos encontrarmos, a fim de que eu possa salvá-lo, ou então que morramos juntos, numa mesma agonia.”
Enquanto isto, Isolda da Bretanha, a esposa despeitada devido ao amor de Tristão por Isolda A Loura decide vingar-se, tirando de Tristão a esperança de ser curado pela amada Isolda A Loura. Mente então para o marido ansioso pela chegada de Isolda, que esta recusara-se a vir para encontrá-lo e curá-lo.
Tristão ao saber desta triste notícia foi invadido por uma dilacerante dor, a pior que poderia sentir. Ele se volta para a parede e diz:
 “Deus nos salve. Porque você se recusou a vir, eu vou morrer por tê-la amado tanto. Eu não posso mais reter minha vida. Por tua causa, eu morro, Isolda, minha bem-amada.” Por três vezes, ele murmura: ”Isolda, minha bem-amada”; e, antes de repetir novamente, entrega a alma.
A aflição e o desespero tomam conta da cidade. O vento se eleva sobre o mar e o barco se move em direção à terra. Isolda desembarca, escuta os gemidos, os sinos das igrejas. Pergunta o que aconteceu e um velho responde:“Minha dama, Deus tenha piedade de nós! Nós sofremos o pior luto de todos os tempos. Tristão, o bravo, o generoso, está morto. Ele era o reconforto de todo o reino”.
Quando Isolda escuta o que diz o ancião, não consegue pronunciar palavra alguma. Corre pelas ruas na direção do palácio. Chega perto do corpo de Tristão e diz:
 “Tristão, meu amado, quando eu o vejo sem vida, torna-se inconcebível que eu sobreviva. Você morreu pelo meu amor, é justo que eu também morra de ternura por você. Porque eu não pude chegar a tempo, nem te curar do teu mal, bem-amado, de tua morte, nada poderá me consolar, nem felicidade nem festa, nem prazer. Maldita seja a tempestade que me reteve no mar impedindo-me de chegar a tempo! Eu teria te devolvido a vida e você teria falado, ternamente, do amor que nos uniu.(...) e eu teria lembrado tudo em meio a abraços e beijos. Se eu não pude te curar que nos seja permitido morrer juntos.”
Ela o abraça, deita-se a seu lado, beija-lhe os lábios e o rosto, aperta-o fortemente, corpo contra corpo, lábios contra lábios, e é assim que entrega sua alma. Ela se deita a seu lado vítima de seu luto mortal. Tristão morreu por causa da sua ausência; Isolda, agora, morre por ter chegado muito tarde. Tristão morreu pelo amor de Isolda; Isolda morreu por sua paixão por Tristão Marke transportou os corpos dos amantes para a Cornualha e, os colocou, os dois, em túmulos juntos um do outro.. Dizem, como um fato autêntico, que o rei mandou plantar uma roseira sobre o túmulo da mulher e, sobre o túmulo de Tristão, uma cepa de vinha, do mesmo tamanho. Elas entrecruzaram os galhos de tal maneira que jamais foi possível separá-las, por mais que tentassem cortar os seus ramos..

CONTINUA...